quarta-feira, 23 de setembro de 2015

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Filho, não quero que você seja um celular!

Circulou essa semana uma oração de uma criança para Deus. Na oração a criança pede para se transformar em um aparelho celular, para assim ganhar a atenção dos pais.
Confesso que esse texto mexeu muito comigo. Então, estou respondendo a oração da criança, com a seguinte mensagem.

"Filho amado, por favor me desculpe! Mamãe e papai não são perfeitos.
Não queremos que você se transforme em um celular. Queremos você como criança, humana e não robótica e totalmente programada.

Quero que você me perdoe pela falta de paciência com você. Não tenho muita calma com o celular não. É que muitas vezes a mamãe aje sem pensar. Máquias não pensam. Então, quando mamãe está muito cansada ela pega o celular por hábito, sem perceber que deveria fazer outras coisas muito mais importantes do que simplesmente se jogar no sofá olhando pra uma tela.

Sei que isso não é uma desculpa, que você entenda. Mas espero que o Papai do Céu me escute e me perdoe. Que o cara lá de cima também me dê discernimento para entender que pessoas devem ser tocadas, abraçadas e beijadas pessoalmente.

Filho, não quero que você siga esse exemplo bobo da mamãe e do papai. O que fazemos é realmente feio. Falta de educação não dar atenção para aqueles que nos amam e estão ali, pessoalmente na nossa vida. Para isso vou parar de usar o celular quando estiver junto de você.

Prometo que quando estiver com você, estarei com você. Não importa que minhas colegas estejam esperando uma resposta via whats ou que meus amigos de trabalho queiram terminar uma partida de qualquer game online. Vou fazer essas coisas num outro momento, mas não quando estiver junto de você.

Filho, não amo o celular! Amo você. Você é a pessoa que mais importa nesse universo todo. Eu descobri que usar o celular demais é um vício. Notei isso, graças a você. Você salvou a mamãe. Precisava sentir na pele que você estava muito decepcionado comigo para perceber que preciso abandonar essa atitude feia.

Mamãe te pede perdão pelo tempo que já perdeu de estar contigo por conta desses aparelhos. E mamãe promete que a partir de agora vai passear, brincar, jogar conversa fora, deitar com você antes da hora do soninho e te encher de muito carinho.

Filho, de verdade obrigado por salvar a mamãe!"

Abaixo segue o texto que deu origem ao meu pedido de desculpas.


Eu quero ser um celular!
Oração de uma criança:
"Papai do céu, eu quero ser um celular, por causa dos meus pais.
O Senhor precisa ver como eles têm paciência com ele, mesmo quando chegam em casa cansados do trabalho. Mas comigo, não... Vão logo dando bronca.
Os olhinhos da minha mãe até brilham quando ela está olhando para o celular. É lindo de ver. Eu quero que ela olhe assim pra mim também.
Quando estamos conversando e o celular toca, meu pai corta a nossa conversa no meio, mas nunca, nunca mesmo, ele pára de olhar o celular para conversar comigo.
Eles nunca têm tempo pra brincar ou passear comigo, mas gastam horas vendo coisas no celular.
Por favor, Papai do céu, me transforme num celular. Daí todo mundo vai ficar feliz aqui em casa. Muito obrigado. Amém!"



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

5 Reações de uma mãe quando o pediatra solicita um exame...

O que toda mãe quer é que seus filhos nunca fiquem doentes. Não queremos que eles sofram nem com um resfriado. Mas, infelizmente isso é inevitável. Eles adoecem, ficam fragilizados e nós sofremos junto.

Não tem jeito, lá vamos nós para o pediatra. Para as salas de espera das emergências lotadas. Repletas de mães que dividem os mesmos sentimentos nossos. Em grande parte das vezes o diagnóstico vai ser preciso e rápido. A avaliação clinica de um pediatra vai resolver a maior parte dos casos sem maiores verificações. 

Mas e quando só o olhar do médico não é suficiente e ele solta: "Vou pedir alguns exames para descartar tal coisa ou coisa tal"? Nessa hora a cabeça da mãe já começa a funcionar a mil. "Como assim doutor, meu filho está com alguma coisa mais séria?"
Em determinadas situações prefiro que realmente eles peçam todos os exames para evitar que meus filhos fiquem tomando remédios desnecessários. Mas, geralmente minha cabeça não consegue ser tão racional.



Minhas reações geralmente são essas:

1 - Tensão: não consigo evitar o ar tenso e todas as possibilidades negativas de  o exame confirmar o que eu não quero que ele confirme.

2 - Faço um milhão de perguntas para o médico para que ele me explique o motivo de solicitar o tal do exame pro meu filho. Não fico satisfeita com a resposta dele que geralmente diz que é apenas um exame de rotina.

3- Quase morro de dó do meu pequeno se ele tiver que fazer exames de sangue. Fico pensando se realmente era preciso tudo aquilo. Se ele chora horrores, juro pra mim mesma, que nunca mais vou deixar fazerem exames com ele tão pequeno.

4 - Me desespero se o google me diz que tal exame revela uma doença grave. A internet e suas duas faces.

5 - Fico dando F5 na página do laboratório toda hora para ver se o resultado saiu.

Agora, o que acho que de fato devemos fazer:

1 - Mantenha a calma. São apenas exames para o bem da saúde do seu filho.

2 - Tire as dúvidas com o médico, não com outras pessoas.

3 - Não acesse o google. Se acessar, não acredite nele. Muitas coisas que você encontra na internet só vão fazer sentido se analisadas juntamente com outros fatores.

4 - Não abra o resultado do exame antes da consulta. Você vai ficar um longo período sofrendo.

5 - Pense em coisas boas e agradeça por estar tendo a chance de fazer toda a investigação necessária.



terça-feira, 15 de setembro de 2015

Como explicar que Vovó foi morar no céu?

Há poucos meses passamos por uma perda muito grande em nossa família. A avó dos meninos veio a falecer. Fazia certo tempo que ela estava doentinha, mas o fato é que, por mais que nós já soubéssemos que isso iria acontecer, nunca estamos prontos para encarar a morte.

O que eu nunca havia pensado neste tempo de "preparação" era em como agir com relação ao assunto com minha filha de 3 anos e meio. Dias antes da vovó nos deixar, Raquel vinha perguntando sobre a ausência da vó que já se encontrava hospitalizada em estado grave. Dizia que queria ver ela e que estava com saudades. Explicamos que a vovó estava no Hospital com dodói. Mas como dizer que a vó talvez não voltasse?



Quando minha sogra veio a óbito de fato, ficamos em estado de choque. Ela era uma figura muito alegre e feliz nas nossas vidas. Amava demais os netos.
Veio a questão: Levar ou não as crianças no velório? A resposta para Samuel veio fácil. Não, ele é muito bebê.

E Raquel?
Também não a levamos. Ficamos com medo que ela ficasse impressionada. Achamos que era melhor ela guardar a imagem da avó bem.
A única conversa que tive com ela no dia foi mais ou menos assim:

Mamãe: Raquel, a vovó foi morar com o Papai do Céu.
Raquel: quando ela vai voltar?
Mamãe: ela não vai voltar.
Raquel: (ela querendo chorar) mas eu quero que ela volte...vou ficar com saudade...

Eu não soube o que dizer. Acabei desviando do assunto.
Conforme os dias foram passando e ela foi perguntando, a explicação foi ficando cada dia maior

Mamãe: "vovó foi morar com o Papai do céu. Virou uma estrelinha."
Raquel: Ela é uma estrelinha brilha brilha mamãe?
Mamãe: sim, a mais brilhante lá do céu.
Raquel: (ela olha para o céu) tchau vovó!!!

Com o tempo começamos a notar mudanças no comportamento da pequena. Já não queria comer direito.

Raquel: A vovó Déda que sabia fazer sopa pra mim. A vovó Déda fazia sagu pra mim né mãe?

Começou a ficar mais agressiva. Chorando por qualquer coisa. Na escola também fomos chamados para conversar. Segundo as professoras, a pequena tinha medo de que nós não fossemos mais buscá-la ao final do dia. Cada vez que íamos deixá-la na escola era outro momento difícil. Se grudava em nós e não queria entrar.

Procurei um psicologo que orientou a deixar bem claro para ela que a avó não voltaria mais. Explicar que apenas as pessoas muito doentes e bem velhinhas morrem. Claro que os jovens também nos deixam. Mas segundo ele, teríamos tempo para que ela fosse crescendo e entendendo o processo da morte. Ele também aconselhou que em alguns casos levar a criança até o túmulo de quem partiu ajuda a fechar um ciclo. Não fizemos isso. Neste momento, eu acho que acabaria confundindo ainda mais ela. No sentido de como é que a vó está na terra e ao mesmo tempo no céu.

Outro dia eu e Raquel fazendo atividades...
Raquel: (falando com o desenho dela) eu vou dar beijo e abraço e prometo que vou comer tudo vó.
Mamãe: Com quem você está falando Raquel?
Raquel: Com a minha vó.
Mamãe: Qual vó?
Raquel: A vovó Déda.
Mamãe: Você sabe onde a vovó está?
Raquel: No céu. Mas eu vou plantar um pé de feijão pra gente ir lá em cima. Daí eu vou dar um beijo e um abraço. Você vai comigo mamãe?

Nessas horas os olhos enchem de água. Saí de perto para não chorar. Outro dia ela pergunta para o avô

Raquel: (avô amarrando o tênis dela) Vovô, você sente falta da vovó?
Avô - desconversa...
Raquel: Vovô, né que a vovó Déda faz muita falta?
Avô: (enche os olhos de lágrimas) é...por isso que o vovô reza bastante.

Uma hora ou outra ela sempre sai com as frases dela, cheias de saudade. Nós, vamos conduzindo da maneira mais sutil possível. Contamos com a escolinha que vem trabalhando o tema com ela. Mas no fundo, acho que ela ainda não entendeu como é que ela não pode pegar um avião ou subir num pé de feijão para ir lá no céu só para dar uma abraço e um beijo na vovó e voltar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Meu parto foi assim... - Por Sara Nunes


É com muita alegria que damos início ao quadro "Meu parto foi assim..." Espaço reservado para as mães compartilharem suas experiências. Não defendo nenhum tipo de parto. Entendo que é uma escolha feita pela mulher e um médico consciente. Respeitar a mulher neste momento tão importante é fundamental.


MEU DEPOIMENTO SOBRE O NASCIMENTO DO JOÃO RAFAEL, MEU FILHO ( UM ATO POLÍTICO)

Em outubro de 2013, realizando um projeto de memórias em Ibirama, entrevistei uma senhora no meio rural, a qual demonstrava uma imensa felicidade pela história de família que ela construiu. Falou-me dos seus partos, o marido chamava a parteira para cuidar da esposa com carinho. A alegria dessa senhora em narrar sua história de família era tamanha que pensei: porque eu não posso dar conta de ser mãe e celebrar a vida?

Nós mulheres ocidentais do meio urbano, intelectualizadas, profissionais herdeiras da queima dos sutiãs, valentes guerreiras do mercado de trabalho,somos submetidas a um mecanismo violento da industrialização da vida e do individualismo do ser. Já diria Freud, somos frutos do mal estar da civilização, reprimimos nossos instintos mais intensos. Nos tornamos elegantes, educadas, magras, civilizadas e de preferência com maquiagem e salto alto.

Ter o João, ser mãe do João, trazer o João ao mundo foi uma luta para romper com isso, para buscar em nós a nossa natureza. Por isso da escolha de um parto humanizado. Foi mais que uma escolha individual, foi conforme um anjo chamado Veruska, um ato político: decidir sobre nosso corpo, nossa vida, nossos sentimentos. Pois, nós mulheres do tal mundo civilizado, somos submetidas a vários procedimentos hospitalares desrespeitosos e violentos.

Percebi isso não somente por meio de leituras, mas principalmente por vivenciar algumas consultas com médicos que entendem nascer como um procedimento técnico. Se eu tivesse parado por aí, João teria nascido de cesária, afinal em acordo com a opinião desses profissionais, meu corpo de 34 anos não teria condições de um parto natural, afinal eu sou “velha demais para isso”. Como me sinto uma garota de 20 anos e tenho certa leitura de mundo, não considerei os argumentos sobre o estado “senil” do meu corpo. Um corpinho saudável e feliz! João nasceu de parto natural e domiciliar, sem laceração nenhuma em meu corpo, nenhum ponto sequer, nenhuma intervenção química artificial.

Apenas meu corpo, minha cabeça, meus hormônios do amor e muita saúde (também umas colheres de leite condensado para dar energia, água de coco e chocolate). Vamos celebrar a natureza e a vida com saúde! Afinal, partos de pessoas com toda a saúde devem ser incentivados e não negados. Mais do que isso: estar grávida não significa um estado patológico (como a sociedade em geral trata) fazer um parto estando saudável não é um ato consagrado ao poder da medicina, é sim um acontecimento da natureza humana. Faz alguns mil anos que os seres humanos nascem, não é mesmo?. Cesária é uma cirurgia que salva vidas sim, mas a qual não deveria ser uma opção quando estamos saudáveis. No entanto o conjunto de procedimentos desrespeitosos aos quais muitas mulheres são submetidas quando escolhem um parto normal “tradicional hospitalar” as faz optar por uma cesária. Essa é uma questão a ser profundamente discutida.

Claro, que esse acontecimento: o nascimento do João, ocorreu assim de forma tão humana e amorosa por conta de condições de preparo e estudo. Preparo físico e mental. Nesse caminho contei com pessoas lindas, profissionais iluminadas que amam profundamente o que fazem, as quais deixam transbordar no olhar que fizeram uma opção de amor pelo mundo e pela vida. Então agradeço profundamente a minha médica Veruscka Gromann, a doula Wandy Plebani, a doula Janine Sheffer Lummertz. Cada uma de vocês foi fundamental. Sem palavras minhas, apenas as do Daniel Lucena em sua canção “certos amigos” , música que há mais de dois anos atrás eu falei para o universo que quando recebesse meu filho eu cantaria para ele, afinal quero ser amiga dele: “ amigo é um cobertor bordado de estrelas”. Nesse ritual todo de força familiar, ressalto a presença do meu marido Rafael,eu tinha certeza de sua força e tranquilidade. Sem seu incondicional apoio essa escolha por um nascer humano e respeitoso não seria possível. Não há dimensão que complete o tanto que sou grata a vida por você estar aqui.

E claro, gratidão pela família e amigos, todos os que nos amam e acompanharam com seus corações esse processo. Em especial minha mãe, aqui a nos cuidar com todo amor. Escolher trazer o João Rafael para o mundo de forma natural é meu ato de amor por ele e pela vida. Além dos dados científicos que comprovam os benefícios de um parto natural, existe em minha atitude o profundo sonho por um mundo mais digno. Quis fazer do nascimento do João uma escolha pela dignidade, para que ele também entenda que desde seu nascimento ele tem um compromisso de amor, dignidade e generosidade com a existência. Com Rafael Gonçalves de Souza, Janine Scheffer Lummertz, Veruscka Gromann, Wandy Plebani.